terça-feira, 15 de novembro de 2011

Divididos entre ensino público e privado, professores ressaltam quais as diferenças

O professor de História Alcides Martinelli, 49 anos, 25 desses de magistério, trabalha em duas escolas de Curitiba e ele próprio é um dos pouquíssimos elementos em comum entre elas. Todos os dias, Martinelli divide sua rotina entre as turmas do 6.º ao 9.º ano do Colégio Expoente, nos bairros Água Verde e Boa Vista, e os alunos do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA) Maria Deon de Lira, no Boqueirão. Ele se esforça para ensinar o mesmo conteúdo a todos, mas as diferenças nas condições de trabalho são incontáveis. Adaptar-se para conviver entre dois mundos tão distintos – das redes privada e pública de ensino – exige habilidade e motivação.


Na instituição particular, que atende famílias de classe média/alta, Martinelli acompanha o mesmo grupo de alunos há quatro anos. Ele conta com satisfação a experiência de ser o principal responsável por tudo o que os jovens sabem sobre História, desde a metade do ensino fundamental até a entrada no ensino médio. “Dá para fazer um trabalho excelente. A qualquer momento, eu posso retomar o que ensinei há uns dois anos e fazer a ligação com um tema atual”, diz.

A participação dos alunos é intensa. Como a escola é o centro das atenções na vida dos 115 estudantes que têm aulas com o professor, a preocupação maior é aprender, tirar boas notas e sonhar com uma vaga na universidade.

Complicadores
Reproduzir o bom rendimento dessas aulas nas noites em que está no CEEBJA é um desafio diário cheio de complicadores. Em turmas cuja variação de idade vai dos 18 aos 50 anos, é uma raridade encontrar alguém que compareça às aulas movido pela vontade de aprender. Nem mesmo a necessidade de obter um certificado de conclusão – a principal justificativa de matrículas no sistema – evita um grande número de faltas capaz de prejudicar qualquer plano de aulas. As desistências, também comuns, são um motivo a mais para desanimar.

Envolvimento dos alunos é determinante
Situação semelhante à de Alcides Martinelli é enfrentada pelo professor de Matemática Sergio Luiz Alves da Silva, de 58 anos. Docente aposentado pela rede privada de ensino, ele prestou concurso público em 2007 e desde então dá aulas no Colégio Estadual Getúlio Vargas, no bairro Cachoeira, em Curitiba.

Segundo Silva, ao contrário do que o senso comum pode supor, não é a diferença de estrutura que mais dificulta o trabalho. “Materialmente, eles [estudantes] têm tudo o que é necessário, como computadores e uma tevê em cada sala. O difícil é motivar os alunos”, diz. Para o professor, problemas familiares e a criminalidade local deixam os estudantes sem perspectiva. “Não há participação dos pais em nada. Tenho alunos que vão para a escola apenas para se alimentar”, conta.

A UPES encara essa situação lamentável, hoje em dia temos muitos professores da rede particular na rede pública e ainda assim os alunos estão sendo mal preparados, vemos então que o problema não está só no professor ou na metodologia do ensino. Entendemos assim que ainda precisa ser feito muita coisa para chegarmos a um nível elevado de comunicação. Temos sim que ter professores mais bem capacitados mas temos também que dar condições para que os mesmos possam reproduzir melhor o conteúdo aos seus alunos.

Adaptação da Gazeta do Povo

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